Igreja (Sul).

[Administrador]

Relembrando a primeira mensagem :

No coração da cidade, a Catedral fica localizada exatamente onde todas a avenidas principais se encontram. Uma construção grande e imponente, é toda desenhada e construída em estilo gótico, com vitrais de cores sóbrias como azul e dourados, e bancos de madeira maciça e escura, um púlpito grandioso com estatuetas e imagens. Sua parte externa é totalmente branca, com várias torres e um jardim de fundos cheio de roseiras brancas e vermelhas.

[Cherry Von Lohengrimm]

A presença da jovem de cabelos negros era, no mínimo, curiosa. Sequer tinha um religião para frequentar aquele tipo de lugar, nem mesmo o costume de ir a lugares que não a agradavam, mas precisava. Mais cedo havia contatado o seu irmão mais velho e combinaram de se encontrar no lugar, afinal era o mais próximo de qualquer que fosse o seu destino.

Mantinha a expressão sóbria de sempre ao passar pela entrada, sem mostrar interesse por qualquer coisa que estivesse ao seu redor. Acomodou-se na última fileira do que, pela textura e aparência, era um banco de madeira onde as pessoas geralmente sentavam para assistir missas, observando com calma todos os presentes no local.

— Espero que ele não demore — murmurrou consigo mesma, cruzando os braços e procurando manter sua atenção em qualquer situação estranha que pudesse se formar.

Sua cabeça estava cheia. Deveres, compromissos e tudo que ela não queria fazer eram o seu foco naquele momento, mas não tinha muita escolha; lambeu os lábios, deixando o corpo relaxar um pouco enquanto permanecia na espera, rindo mentalmente ao notar a situação em que se encontrava. Cherry era geralmente uma garota cheia de certezas e que nunca pensava em deixar nada para depois, ou ao menos era isso que diziam a ela.

Mas, não era culpa dela. Não dessa vez. Coisas desse tipo aconteciam e já havia tomado decisões ainda mais difíceis; vivia tendo que desviar de situações que a comprometessem e fizessem que ela tivesse que pensar muito sobre o que fazer, e aquela até então não parecia uma delas, então procurou relaxar.

[Chloe Sinclair]

*Bocejava enquanto tamborilava os dedos em cima da perna direita, se sentindo um tanto entediada no momento, as vezes lançando olhares curiosos em volta para ver se algo havia mudado ou se Alexander já havia terminado o que quer que estivesse fazendo.
Foi em uma dessas rápidas checagens que ela percebia uma garota entrando na igreja, o que parecia renovar sua animação, chegando até mesmo a sorrir de canto com ideias se formando em sua mente afiada e rápida.
Se espreguiçando e se levantando de onde estava, caminhava tranquilamente até a recém-chegada, com a expressão se tornando amigável e os olhos acolhedores, parando perto da garota e estendendo a mão educadamente, com um sorriso amável nos lábios.*

- Olá, sou a Chloe.. é um prazer. Está procurando alguém?

[Cherry Von Lohengrimm]

Estava presa em seus próprios pensamentos quando a loira chegou, o que ficou evidente pelo olhar rápido que lhe foi dirigido, juntamente a rigidez que o corpo da garota tomou. Ao notar que a loira não representava perigo algum se recompôs, um pequeno sorriso tomando suas feições até então tão sérias.

— Eu sou Cherry, o prazer é todo meu — ela disse enquanto apertava a mão que lhe foi estendida, a voz como sempre baixa e monótona; chegava até a ser engraçado o quão ela era formal, educada até os últimos segundos. — Não exatamente. Vim aqui pois marquei com meu irmão de nos encontrarmos, mas não sei se ele vai mesmo vir.

Analisou a mulher com mais cuidado nos poucos segundos que lhe foram dados. Chloe parecia ser mais velha e mais sábia que si, o que atraía a curiosidade da garota — ainda que fosse um fato um tanto simples — por simplesmente não conviver com pessoas que fossem daquela idade, com exceção de sua mãe, o que era compreensível simplesmente porque o único amigo de Cherry era seu irmão mais velho.

[Chloe Sinclair]

*O sorriso da mulher não se desmanchava, ouvindo o que a menina dizia e afirmando com a cabeça lentamente, já que ela própria também estava ali para encontrar uma pessoa e claro, sempre era uma boa ocasião de conhecer gente nova.
Apontava para o banco em que estava sentada antes, tornando a dizer de uma maneira amigável, com a menina provavelmente podendo ter a estranha sensação de se sentir bem com Chloe, mesmo a conhecendo há poucos minutos.*

- Hm.. estou aqui para encontrar uma pessoa também, que tal se sentar comigo? Podemos esperar juntas.

*Talvez fosse o jeito tranquilo ou a maneira prestativa que Chloe parecia dedicar à menina, a deixando saber que realmente parecia interessada no que ela tinha a dizer, ou que estava preocupada em não deixar ela sozinha correndo o risco de se sentir até mesmo entediada como a própria loira tinha se sentido antes.
Aguardava a resposta da garota com paciência, dizendo com o tom de voz soando sincero.*

- Cherry, é um belo nome

[Cherry Von Lohengrimm]

— Mas é claro, por que não? — deu de ombros, acompanhando a moça até o outro banco (ainda que não visse diferença alguma entre ficar ali ou ir para outro lugar, mas deixou isso pra lá) enquanto observava o seu caminho e falava ao mesmo tempo, concentrada para não deixar que nenhum objeto pequeno passasse despercebido. Não queria passar vergonha. — Não querendo ser intrometida, mas... quem você veio encontrar?

Terminou a pergunta sentando-se no banco, cruzando as pernas e logo em seguida direcionando sua atenção a ela. Não era de seu feitio se envolver tanto assim com alguma conversa, mas não tinha nada melhor para fazer no momento e não queria que o assunto se perdesse, então estava disposta a fazer um esforcinho a mais.

[Chloe Sinclair]

*Ela sorria e voltava para o banco junto com a menina, se sentando e cruzando as pernas devido ao fato de estar de saia e virando a cabeça na direção da garota, a olhando calmamente.*

- Vim encontrar Alexander, ele é o bispo e o conheço faz um tempo. E como hoje é meu dia de folga, resolvi fazer uma visita.

*Ela lançava um olhar rápido em volta, checando para ver se Alexander iria aparecer, mas como pelo jeito ainda não o veria tão cedo, voltou sua atenção para a garota e perguntou naquele tom gentil de antes.*

- E você? Como se chama seu irmão?

[Iury "Viole" Skarsgård]

Em pouco minutos tudo havia se tornado uma questão de fé. E se a fé do tamanho de um grão de mostarda pode mover montanhas, para onde eu apontaria? Metáforas são pra fingir que o mundo é mais bonito, mas não é, então abusar desses preceitos e valores é bastante prático.

Não desconsidero o bispo, suas crenças ou ideais, mas ainda assim — Bispo — com uma aproximação nada inferior à que o próprio homem abrangia, Iury o indagava — O que é fé? A adesão incondicional a uma hipótese que é crida como verdade, a confiança absoluta e inquestionável em uma ideia mesmo que esta não tenha uma prova concreta de sua autenticidade? Discordo, fé não é crer, fé é saber, a fé é a certeza, a expectativa certa daquilo que esperamos, a prova clara de uma realidade que ainda não vemos, e foi pela fé que a prostituta Raabe preservou a sua vida, mesmo que sendo infame e apartada de Deus. Me pergunto se a minha fé é forte bispo, mas se o pai precisa dela, o que ele me daria por ela?

Mesmo pelo cercado de madeira e a cortina do confessionário, nada podia negar o semblante e imagem definida que Iury Skarsgård era.

— Então se me permite, meu desejo é grande o bastante para eu não saber o nome daquilo que eu quero, mas pode chamar de fé.

[Cherry Von Lohengrimm]

Alexander... aquele nome a trazia lembranças preciosas, que ela quisera nunca esquecer. De qualquer forma, estavam no Canadá e deveriam existir muitos Alexanders por aí, mas a ideia não suprimia a sua consideração pelo acontecimento. Olhou em conjunto na direção que ela havia olhado, mas em seguida direcionou o olhar para suas mãos, pousadas em conjunto em seu colo.

— Nicholas — respondeu vagamente, encarando o relógio em seu pulso. Atrasado, de novo. A garota respirou fundo, cruzando os braços e olhando para a moça ao seu lado.

Ela era tão gentil com alguém que havia acabado de conhecer que chegava a ser estranho para Cherry, que mantinha como pensamento que nem sempre podemos confiar nas pessoas ao nosso redor, independentemente do quão amigáveis elas parecessem. Estava, de certa forma, admirada.

— Esse Alexander... — começou a sentença, sem sequer mudar de expressão. — Vocês são muito próximos?

[Alexander Northman]

Na hora da pescaria, é necessário achar que o peixe puxe bastante linha quando ele comeu a isca, a isca foi realmente pega e agora era necessário deixar a linha ir antes de dar o primeiro gancho para puxa-lá. O bispo então se afastou para tentar esconder o sorriso que demonstrava, os olhos se fechavam quase como xingasse aquela criança mentalmente, aos poucos ela se metia em um lugar cujo qual era realmente impossível de sair, era possível ver a sombra do bispo acenando positivamente com a cabeça. 

— Fé é um saltar de um penhasco com a certeza que irá sobreviver. Perdoe-me filho, você não tem fé, você tem vontade, desejo, ânsia... 

A voz ainda era calma e não demonstrava mal algum, parecia um ancião aconselhando a nova geração, mesmo com a pouca diferença de idade, ele parecia carregar cansaço na voz, uma certa experiência. Pausou a fala para tomar o último gole d'água, tossiu após aquilo, levou o lenço novamente até os lábios para secar os resíduos de água que ficavam no canto dos lábios.

— Perdoe-me por isso. Mas continuo afirmando... Sua vontade não é fé, tenha fé, criança. Sua fé será recompensada pelo seu desejo... Por isso eu digo que você, ainda, não é digno de ter seu desejo realizado... Sinto muito, sua mãe não voltará a vida com essa sua vontade, eu não posso te ajudar... Desse jeito.

O bispo começava a se ajeitar para sair do confessionário, se a criança não falasse as palavras que ele gostaria de ouvir, deixaria-o ali sozinho.

[Chloe Sinclair]

*A mente de Chloe trabalhava rapidamente e já fazia suas definições sobre Cherry, a observando consultar o relógio e a forma que murmurava em relação ao irmão estar atrasado, acabando por sorrir já que conhecia bem essa situação, porque por diversas vezes tinha que esperar pacientes ou alguns funcionários do hospital e costumavam se atrasar bastante.*

- Eu te entendo, no meu trabalho tenho que lidar com atrasos quase todo o tempo na verdade...

*Ao ouvir a outra pergunta da garota, reparava na mudança que ela parecia sofrer e não podia deixar de ficar curiosa com aquela reação, mas mantendo a voz enigmática embora o olhar estivesse ainda gentil, respondia com as palavras vagas, não afirmando nem que sim nem que não exatamente.*

- Hm.. digamos que temos um tempo de convivência

[Cherry Von Lohengrimm]

Murmurrou um "uhum" em entendimento ao que ela dizia; como havia imaginado e agora era possível deduzir, ela já era uma adulta, tanto que até mesmo trabalho tinha. Cherry imaginava como deveria ser ter que trabalhar com algo que fosse necessário esperar pelas pessoas, e sabia que odiaria pelo simples fato de odiar que pessoas bagunçassem qualquer horário que ela estipulasse. Claro que não era por mal, era somente porque geralmente não conseguia se lembrar com clareza das coisas que precisava fazer, o que fazia com que a atividade tomasse um bom tempo de suas manhãs.

— Com o que exatamente você trabalha? — finalizou seus próprios pensamentos com a pergunta, sem conseguir controlar o tempo que passava "viajando" e o que precisava se lembrar de que ainda havia uma segunda pessoa ali.

Nada comentou sobre dito sobre a relação de Chloe com o terceiro citado, preferindo deixar aquele assunto para lá. Não era algo que a atraísse tanto e muito menos tinha a intenção de se meter nas relações alheias, então permanecia com o assunto do trabalho, ainda que o fato de ela não ter respondido sua pergunta direito houvesse atiçado certa curiosidade em si. Tornava a olhar de um lado para o outro enquanto conversava com a outra, procurando pelo seu irmão e ao mesmo tempo querendo reconhecer melhor onde estava, uma vez que não vinha muito a igreja.

[Chloe Sinclair]

- Trabalho como psiquiatra, geralmente cuido dos criminosos ou pessoas que famílias ou outras pessoas acham que precisam de ajuda

*Ela meio que deixava claro essa última parte da frase, fazendo uma expressão de quem discordava um pouco de algumas coisas, mesmo que trabalhasse com aquilo e logo soltava um suspiro, observando a garota calmamente como se refletisse sobre o que mais iria dizer. Baixando um pouco o tom da voz, como se confidenciasse agora um segredo para a menina, reparando que pelo jeito ela devia ser um tanto curiosa.*

- Digo isso porque você não sabe, mas muitas vezes os pacientes estão bem, e quem realmente precisa de ajuda são os que julgaram mal essas pessoas, já vi tantas injustiças acontecerem...

*Ela tornava a suspirar e a expressão mudava, ficando um tanto entristecida, como se carregasse um peso nos ombros e levando a destra até a face, fechando os olhos e balançando a cabeça negativamente, os reabrindo e tornando a fitar a menina, como se agora percebesse o que tinha dito.*

- Desculpe, não poderia ter revelado tal fato... poderia guardar esse segredo? Me parece uma jovem confiável e madura..

*Novamente ela sorria de uma forma acolhedora e gentil, deixando a sinceridade clara nos olhos, fitando a garota de uma maneira que ela pudesse ver que Chloe realmente acreditava na discrição dela.*

[Iury "Viole" Skarsgård]

O bispo estaria hesitante? Não, não parecia ser isso, soava mais para uma cautela, se essa cautela vinha realmente de cuidado ou então expectativa era a questão, e quanto à isso, "sua mãe não voltará a vida com essa sua vontade... desse jeito" parecia no mínimo instigante. Toda a ânsia e desejo de Iury se fizeram transparentes aos olhos do padre, neste momento até mais do que o odor de fumo em suas roupas, e Iury não poderia perder, não aquilo.

Se erguendo da cadeira rapidamente para então segurar com uma das mãos o cercado de madeira do confessionário, ele se pronunciou, em um tom como o que vinha falando desde que começou a conversar com o bispo, porém desta vez, era um rogo.

— Então por favor, bispo, me ajude a ter fé.

[Nicholas Von Lohengrimm]

Acompanhado de sua BIKE PRETA CROMADA E COM CESTINHA, Nicholas aproximava-se da Igreja. A ideia de adentrar às casas de Deus sem nem ao menos conhecê-lo direito lhe fazia estremecer, ainda mais por acreditar que seus ancestrais estariam revirando do túmulo naquele exato momento. De tantos lugares pra se encontrar, pra que logo aqui? Excelente ideia.

Mas mesmo assim, a culpa era somente sua. Se tivesse ido comprar porcaria em qualquer outro lugar, tinha certeza de que o local de encontro seria diferente. Ele também jamais poderia deixar sua irmãzinha de lado, já que era uma de suas únicas companhias frequentes. A outra era seu dakimakura de uma mahou shoujo. Nicholas se perguntava se ela estaria sentindo a sua falta neste momento.

Ao chegar na porta, procurou pela figura de sua irmã mais nova. O que viu lhe fez suar de nervosismo; estava acompanhada... não, pior. Estava acompanhada DE UMA MULHER. Imediatamente, escondeu-se atrás do banco nos fundos. No entanto, estava completamente visível, já que nem abaixando-se ele conseguiria esconder a sua figura alta e espaçosa.

"O que é que ela quer com minha nee-san? É uma pedófila? Uma sequestradora? Será que ela sabe que nós somos ricos e vai se aproveitar da inocência da minha irmãzinha???" Com olhares suspeitos, o rapaz analisava a situação com cautela.

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